ANÁLISES
O que mais gostam do lugar onde moram?
Ao analisar as experiências narradas pelas crianças nos espaços e tempos das cidades pesquisadas, percebeu-se que elas situam suas experiências ao âmbito do viver, remetendo-se aos vínculos afetivos estabelecidos com familiares, com a própria casa, com a casa dos “outros” – amigos, igreja e arredores. Quando questionada sobre o que mais gostam do lugar onde moram? Elas não se referem diretamente a um espaço físico, mas a uma experiência vivida e, mesmo quando algumas recorrem a um espaço socialmente demarcado (casa dos amigos, da tia, do avô, a igreja, outra cidade) deixam transparecer um tipo de experiência que fazem na cidade e o sentido que atribuem às relações nela tecidas, tais como, gostam de estar sozinhas com outras crianças, da liberdade de brincar, da alegria por estar em outro lugar, etc. Esses sentidos ganham centralidade em suas falas não simplesmente porque fazem parte de sua rotina, mas por expressarem relações estabelecidas por meio de vínculos afetivos e/ou por meio de situações marcadas por desejos, expectativas e/ou necessidades. O brincar aparece como um recurso predominante, se apresentando como o grande fluxo de pertencimento a um lugar que, mesmo desprovido de sua representação objetivável, está impregnado de relações de prazer, companheirismo, cumplicidade e afetividade.