ANÁLISES

O que menos gostam do lugar onde moram?

 

Independentemente dos contextos onde vivem: rurais ou urbanos, poucas remetem a um lugar específico, mas às impressões primeiras de suas experiências, pois realidades culturais consideradas antagônicas tornam-se portadoras de sentidos comuns sobre aquilo que não gostam do lugar onde moram: carne amassada (R)[1]; do mosquito da dengue (U);  peixe com espinho (R); de jambos amargos (R); da igreja, porque demora muito a acabar (U); da chuva, porque alaga a rua (U); da galinha, porque está cheia de piolho (R); do capim grande, porque atrapalha a jogar bola (R); de tomar banho na praia quando está frio (U); de ficar em casa (U); quando minha irmã não me deixa jogar no quarto dela (U). Os vínculos estabelecidos em relação à cidade parecem constituir-se mais pelo que temem ou lhes indigna que por uma integração positiva (INNERARITY, 2006). Uma ressemantização da cidade precisa ser considerada, pois as narrativas das crianças não constituem uma realidade exterior às suas condições reais de existência, ao contrário, elas indicam uma presença ativa das crianças nos diferentes contextos onde habitam ou frequentam.

[1] (R) Rural e  (U) Urbano.

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